quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Ela




Ela nasceu, linda, podendo ser considerada a mais belas das criações divinas.
A criança ia crescendo, conhecendo o mundo ao seu redor, localizando-se no tempo e no espaço.
Um dia, viu-se no auge de sua juventude, a linda menina torna-se uma jovem muito atraente. Porém estava repleta de medos, dúvidas e questionamentos, mas certa de que queria entregar-se, experimentar e sentir tudo o que o mundo tinha para lhe oferecer. Queria apaixonar-se, viver um grande amor.
Anos mais tarde, após ter deixado para trás muitas coisas além da juventude, era agora uma mulher adulta, com seus compromissos e obrigações, sem tempo para viver uma grande paixão, ou ainda dar-se ao luxo de sofrer por alguém que muito lhe magoou. Apesar de vaidosa, não via mais sentido em dar tanta importância para uma coisa que percebera ser tão passageira e finita como a beleza exterior. Estava agora muito mais preocupada em definir o seu ser. Preocupada em entender-se e conhecer-se, muito mais do que ao mundo que a rodeava.
Em certo momento percebeu que o caminho trilhado por todo esse tempo, aproximava-se do fim. Estava finalmente chegando em algum lugar. Sentindo uma enorme satisfação, olhou em sua volta, tentando encontrar alguns daqueles que lhe acompanharam em certos momentos desse caminho. Lembrou-se de seus familiares, amigos e amores. Muitos não conseguiram ou puderam lhe acompanhar até ali. Viu-se só, mas não solitária. Os sentimentos cativados por alguns ao longo de sua jornada traziam ao seu coração uma imensa alegria e satisfação.
O fim do caminho estava a cada instante mais próximo, a visão tanto do que deixara para trás, quanto do que estava por vir, era deslumbrante. Faltavam-lhe palavras para explicar tudo o que estava sentindo.
Finalmente concluiu sua jornada. Nesse instante, cansada, porém grata, olhou para o horizonte. Lembrou-se de tudo mais uma vez. Sentiu-se maravilhada por saber que havia passado por muitas coisas, e ver que ainda existia um mundo inteiro de sentimentos, sensações e amores que poderia conhecer, mas o que lhe restara agora era aceitar o fim do seu caminho.

Deitou-se. E suavemente fechou seus olhos.,

Autoria: Rafael Silveira

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