Os dias estão estranhos.
Não consigo visualizar o destino dos meus dias.
Vivo segundo após segundo, sem segundas intenções.
Minha percepção traz uma imagem passiva, cada dia menos reativa.
A fadiga da alma reflete sobre o corpo que não anima-se, ainda que improdutivo está sempre esgotado.
Como uma chama extinguindo, assim vejo os dias passando.
Inerte aguardo o destino que não conheço.
Sinto-me preso a uma vida alheia, temendo o que possa vir.
O desespero ainda que controlável, clama pelo descontrole.
O cheiro da morte é cada vez mais intenso, não reconheço se vem de mim ou dos que amo.
Sou incapaz de protegê-los, espero que me perdoem.
Não posso deter a dama que se aproxima, vestida de preto e com requintes de sofrimento.
Muitos sabem quando estão prestes a ter esse encontro, mas nunca estamos preparados.
Enquanto isso, em busca de alguma esperança me deparo com o ódio, massacre, orgulho e ignorância.
Poucas e cada vez mais raras são as fontes de alívio.
Sigo em frente, aos gritos, embora eles ecoem para dentro.
Não estou surdo, apenas não os compreendo.
O desejo de mudar permanece, mas nasce improdutivo.
Imerso no caos interno e externo, o que vejo é resumido a uma palavra:
VAIDADE.
Tudo que o percebo me soa como vaidade.
Vaidade de falar, a vaidade de estar certo, a vaidade de ter algo a mostrar, a vaidade de defender, a vaidade ser feliz.
Lembro-me do sábio, tudo é vaidade.
A vaidade de odiar,
A vaidade de amar,
A vaidade de fazer,
A vaidade de parar,
A vaidade de viver,
A vaidade...
Por fim, em tudo há vaidade.
Autoria: Rafael Silveira
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