Tanta gente passando. Para onde eu olho, vejo pessoas.
Cada uma com a sua história, com a sua vida.
Olho para alguns dos rostos que passam.
Fico tentando adivinhar como são.
Conjecturando o viver do outro.
Analisando e refletindo sobre a personalidade que cada um aparenta ter.
Ou quantas personalidades cada indivíduo possui.
É interessante como vemos o alheio.
Um senhor, de idade já bem avançada, sentado no banco de uma praça.
Observo seus movimentos, seu olhar, suas marcas de expressão.
Cada detalhe parece tentar me contar algo sobre ele.
Quantas experiências ele já teve? O que já sofreu ou o quanto já se alegrou?
Quanta sabedoria pode ser encontrada em uma simples conversa com ele?
Seus olhos, mirando o nada, parecem paralisados.
Será que está lembrando de algo ou pensando no quanto ainda lhe resta de tempo?
Seu olhar muda de direção, acompanhando um casal de jovens apaixonados que passam por ele.
Surge em seus olhos um brilho carregado de nostalgia. Parecia estar conectando-se a uma feliz recordação.
Será que pensava em sua primeira namorada? Ou no grande amor da sua vida?
Ele esboça um sorriso leve, mas muito sincero.
Sorri para o nada. Sim, sem dúvida alguma, está lembrando dela, seja ela quem for.
Levanta-se do banco, coloca sua boina, dá uma ajeitada na roupa e parte. Para onde? Não sei.
Carrega um olhar de satisfação, enquanto cumprimenta as pessoas por quem passa.
Fica claro, ao menos para mim, ficou muito claro.
Ele estava ali para ter um encontro, e o teve.
Teve um encontro, que mesmo aparentemente breve, para ele pode ter durado muito tempo e perdurará.
Sim, ele reencontrou sua amada e reviveu boas memórias.
Por alguns instantes, esqueceu dos traumas e das dores na sua alma.
Não sei para onde ele foi ou quem é.
Mas mantenho comigo o que com ele aprendi.
Embora me pareça que seja apenas o resultado do que eu projetei sobre ele.
Autoria: Rafael Silveira
Imagem original: https://pixabay.com/pt/idoso-banco-sozinho-jardim-avo-942049/
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