Assistir ao espetáculo da propagação do ódio disfarçado de justiça é comum nos dias atuais.
Com a popularização das redes sociais, a necessidade de emitir opinião parece obrigatória, normalmente, acompanhada de um discurso de ódio. Não é raro ler publicações onde há uma síndrome de juiz latente aos olhos até mesmo dos indivíduos mais apedeutas. Tais discursos não são capazes de atingir qualquer objetivo, além de gerar mais ódio, desavença e improdutividade na resolução de qualquer que seja o verdadeiro revés.
Não há problema em expressar opiniões, a questão é como elas são expressas e no que estão focadas, por exemplo, uma pessoa foi assaltada, mas os comentários são sobre o motivo da pessoa estar naquele local, a cor da pele do assaltante, o partido político responsável por isso, etc. Uma mulher sofre um abuso, quando a notícia chega à internet, o foco passa a ser a roupa que ela estava usando, o tipo de música que gosta, as pessoas com quem anda, como é o corpo dela e qualquer outra coisa sem relação real com o que aconteceu e, nesses casos, a vítima passa por outros tipos de violência, pois sua vida, seu drama, seu sofrimento e dores passam a ser assumidos por pessoas que julgam-se detentores da verdade. Advogados do diabo, isso é o que são. Poderia encerrar com esse exemplo, mas vamos analisar um que me chamou a atenção recentemente. Uma criança foi abusada, porém, como não poderia deixar de ser, a culpa em alguns comentários foi atribuída a mãe, em outros, a preocupação era em divulgar a religião do estuprador, como se alguém nessa situação estivesse em uma real tentativa de se religar ao divino. Os mais diversos argumentos foram vomitados, desculpe-me, a palavra é “escritos”. Todos repletos de autoridade, veemência e ódio, afinal o ódio não pode faltar nas opiniões lançadas nos olhos alheios.
Autoria: Rafael Silveira
Imagem: https://goo.gl/PRKGD5